A forma como as pessoas cuidam dos seus animais de companhia tem impacto direto na saúde pública. É simples entender o porquê: guardiões responsáveis combatem os parasitas de seus animais, ministram vacinas, não deixam que os bichos saiam sozinhos à rua e não permitem o nascimento de ninhadas indesejadas. Logo, não alimentam o ciclo vicioso de abandonos, doenças e maus-tratos.
No caso da Leishmaniose Visceral Canina (LVC), os cuidados dispensados pelos guardiões aos seus animais são determinantes para que a doença não se dissemine. Afinal, a melhor solução para frear o avanço dessa zoonose é a prevenção, que tem tudo a ver com cuidados simples, porém constantes, como o de não deixar o animal ao ar livre nos períodos de maior circulação de insetos (18 horas às seis da manhã) e o uso de repelentes (na forma de spray, spot on ou coleiras).
Os cães não transmitem a LVC. O único vetor dessa doença é o inseto flebotomíneo, conhecido popularmente por mosquito-palha ou cangalhinha. Quando esse inseto pica e infecta um cão, o animal se torna um reservatório da leishmania, protozoário responsável pela LVC.
Se o cão-reservatório for picado pelo flebotomíneo, e este, na sequência, picar uma pessoa, é possível que ocorra a transmissão da Leishmaniose para o ser humano.
Ou seja: a transmissão nunca se dá diretamente do animal para a pessoa.
A prevenção é a melhor solução!
O uso, por exemplo, de uma coleira repelente de longa duração (há produtos no mercado que se mantêm eficazes por até oito meses), evita que o cão seja picado pelos flebotomíneos. Ou seja: uma medida preventiva simples permite que o cão não se torne um reservatório da doença!
Também existem produtos preventivos na forma de spot on (que pode ser aplicado diretamente na pele do animal, na região da nunca), de sprays, de vacinas etc.
Cuidados com o meio ambiente
É necessário evitar que o mosquito se prolifere. Para tanto, é fundamental cuidar bem do meio ambiente.
Como fazer isso?
É simples.
No caso específico do mosquito-palha, a dica é recolher os materiais orgânicos, como folhas de árvores e fezes de animais, pois esses elementos atraem os insetos.
Castrar os animais de companhia
Cães e gatos abandonados merecem nossa preocupação sob muitos aspectos. Eles sofrem, são submetidos a maus-tratos e podem se tornar um problema de saúde pública, uma vez que, não tendo quem se responsabilize por eles, acaba não recebendo vacinas, vermífugos nem outros cuidados necessários ao seu bem-estar.
Se existem animais em situação de abandono, isso ocorre principalmente por dois motivos:
Para solucionar o primeiro caso, o único jeito é castrar tanto os cães quanto os gatos. A castração é a forma mais eficaz de evitar o nascimento de ninhadas indesejadas (que acabam tendo as ruas como destino) e de evitar diversas doenças em machos e fêmeas de ambas espécies (tumores de mama e próstata, tumores de origem sexual e piometra, uma doença que acomete o útero, são as principais enfermidades evitadas pela castração). Além disso, a castração não altera o comportamento dos animais – eles continuam brincalhões e, no caso dos cães, guardiões atentos de seus territórios.
Já o segundo caso seria evitado se as pessoas tivessem mais presente o hábito de colocar pelo menos uma coleira com nome e telefone nos seus cães e gatos. Um sistema nacional de identificação desses animais (com microchip) seria uma ótima ferramenta para minimizar este problema, mas isso exigiria o envolvimento do Poder Público. Quando um animal é encontrado na rua ou recolhido ao CCZ, seu proprietário pode ser acionado, alertado ou punido, principalmente em caso de reincidência. Esta é a maneira mais eficiente e correta para abordar o problema do abandono, em sua fonte.
Além disso, esse sistema de identificação auxiliaria no controle dos deslocamentos de cães e gatos, em âmbitos intermunicipal, interestadual ou internacional. O trânsito de animais doentes é uma preocupação em todo o mundo, pois pode ocasionar a introdução de doenças em áreas livres, como é o caso da leishmaniose.
Em 23 anos de atuação, os projetos, eventos e outras ações da ARCA BRASIL - Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal, entidade não governamental sem fins lucrativos, independente e apartidária, inauguraram uma nova era de esperança e respeito aos direitos dos animais no país.