A doença avança pelo Brasil e pode ser fatal, principalmente para idosos e portadores do HIV. Para evita-la, a prevenção é a melhor solução.
Também conhecida como Calazar, a Leishmaniose Visceral é uma infecção zoonótica (isto é, causada por um parasito de animal) que afeta tanto os bichos quanto os seres humanos. É causada pelo protozoário do gênero Leishmania sp, e transmitida por diversas espécies de insetos vetores, denominados flebotomíneos.
É considerada uma das seis doenças endêmicas mais importantes no mundo. Ocorre na Ásia, na Europa, no Oriente Médio, na África e nas Américas, onde também é denominada de Leishmaniose Visceral Americana (LVA).
Na América Latina, a doença foi descrita em pelo menos 12 países, sendo que 90% dos casos ocorrem no Brasil. E, em nosso país, ela não para de avançar: se, no passado, a LV afetou principalmente as áreas rurais mais carentes, hoje ela já se faz presente em cidades ricas e com mais de 500.000 habitantes, como Teresina, São Luís, Belo Horizonte, Campo Grande, Natal e Araçatuba, no Noroeste paulista.
A incidência de casos relatados passou de 1500/ano (média observada na década de 1980) para 3.362/ano (média entre 2000 e 2006). Foi um aumento de mais de 120% nos casos relatados. Percebe-se que a doença vem se espalhando gradualmente pelas regiões sul e sudeste, com especial ênfase, desde 1999, nos estados de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.
Aspectos epidemiológicos (Fonte: portal Ministério da Saúde)
No período entre 2006 e 2010, foram registrados 18.168 casos de LV no país. Em 2010, a região Nordeste respondeu por 47,1% dos casos, seguida pelas regiões Norte (18,0%), Sudeste (17,8%), Centro-Oeste (8,6%) e Sul (0,1%).
Atualmente, está distribuída em 21 Unidades Federadas, atingindo as cinco regiões brasileiras.
TRANSMISSÃO
Para que ocorram a transmissão e a infecção, é necessário que haja um vetor (condutor) – no caso, o inseto flebotomíneo – e um hospedeiro vertebrado, que funciona como um reservatório da doença.
Os insetos são pequenos, medem de 1 a 3 mm de comprimento. São conhecidos popularmente por mosquito-palha e apresentam o corpo coberto de pelos, de coloração castanho claro ou cor de palha.
Eles voam em pequenos saltos e pousam com as asas entreabertas. Costumam se reproduzir em locais terrestres úmidos, escuros e ricos em matéria orgânica – o cantinho escuro de um lixão, por exemplo. A fêmea suga sangue para amadurecer os ovos, e sai para se alimentar a partir do pôr do Sol. Ou seja, o período com maior risco de sofrer uma picada do inseto vai das 18 horas às seis da manhã.
Além dos cães, todos os mamíferos, incluindo gatos e até gambás, podem servir como hospedeiros da leishmania. O período de incubação da doença em animais infectados é variável, e os sintomas podem começar a surgir de três meses a sete anos após terem sido infectados.