Palestra da ARCA repercute no Worldleish 5
No maior evento do mundo sobre a Leishmaniose, a ONG representa a sociedade civil e leva os argumentos da campanha “Prevenção É a Única Solução”.
Porto de Galinhas, PE (maio 2013) – A apresentação da ARCA Brasil no Worldleish 5 – congresso mundial sobre leishmaniose que acontece a cada quatro em um país endêmico para a doença – foi recebida com entusiasmo entre os presentes. Marco Ciampi, presidente da entidade, elencou os argumentos da campanha “Prevenção É a Única Solução”. O modelo atual centrado na eliminação dos cães infectados foi fortemente questionado no encontro, tanto por sua ineficácia quanto por seu aspecto cruel, sacrificando animais tão vítimas da doença quanto o homem.
O tema de debate “Tratar ou Matar: Qual Direção Deve a Sociedade (e os Cães) Seguir?” gerou grande interesse e lotou a sala – várias pessoas assistiram à palestra em pé. Foram quatro debatedores: Vera Camargo e Francisco Edilson, pelo lado governamental e, defendendo uma mudança no quadro atual, o veterinário Vitor Ribeiro, do Brasileish, e Marco Ciampi.
O ponto mais comentado da apresentação da ARCA foi o paralelo traçado entre a política atual de combate a leishmaniose e a raiva, doença controlada no país nos anos 90, principalmente por meio de campanhas de vacinação em massa. A comparação, elogiada por técnicos e especialistas, se baseia no modelo de controle populacional e posse responsável, implantado pela ONG em 1996 na grande São Paulo, reconhecido pela OPAS-Organização Panamericana da Saúde como modelo válido para países em desenvolvimento na America Latina.
Marco exibiu slides sobre como, há mais de um século, animais eram mortos de forma cruel, envenenados, afogados. A ciência evoluiu e descobriu que esse não era o caminho mais eficaz para combater a doença, hoje considerada sob controle nas Américas, graças a campanhas de vacinação. Fica a pergunta: por que há mais de 50 anos se mantém a eutanásia como método de controle da Leishmaniose no Brasil se já existem alternativas eficazes e humanitárias?
“No quadro atual todos perdem: o MS perde, pois a população não aceita e não colabora com a política de eliminação dos cães; os veterinários, renegados a ilegalidade ao tentarem preservar a vida dos bichos; a sociedade que vê a doença aumentar e tem que recorrer a ações judiciais se quiser lutar por seus animais, submetidos a tratamentos em condições técnicas que nem sempre são as ideais, e, por fim, os cães, que pagam com a vida nesse cenário lamentável”, resume Ciampi.
Para uma política pública ser eficaz é preciso três elementos: avanços científicos, desejo da sociedade e vontade política. No caso da Leishmaniose, a ciência já avançou o suficiente para evitar a eutanásia de cães, a sociedade não aceita essa medida. Só falta ao Governo brasileiro reconhecer que, a exemplo de outros países, já é tempo de rever suas convicções também por aqui.
Ao final da apresentação, Marco mostrou depoimentos de proprietários que emocionaram os presentes. O presidente lamentou o desperdício de vidas e de recursos públicos no país onde o cão, cada vez mais, é um verdadeiro membro da família. “Qualquer política que não considere o profundo vínculo afetivo do homem com os animais está condenada ao fracasso”, encerrou.
A ARCA Brasil continuará a campanha pela “Revisão JÁ” das políticas públicas referentes à Leishmaniose no país. Contamos com a sua ajuda em mais essa luta pelos animais. Assine a petição e divulgue aos amigos!
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