Num cenário em que os abrigos não suportam mais animais, o Lar Transitório surge como a opção mais viável no preparo de animais para a adoção
Nascido nas ruas de São Paulo, Toby não teria sobrevivido mais do que três anos se continuasse a buscar comida no lixo, disputar abrigo com outros cães e lutar pra se livrar das pulgas e doenças. Sua real chance de vida surgiu quando Maria da Conceição Pimentel cruzou seu caminho.
Aposentada, ela dedica parte de seu dia para cuidar dos cães e gatos que abriga temporariamente em sua casa. “Assim que pego algum animal, levo para fazer uma consulta geral. Depois de saber que ele não está com nenhuma doença, vai para casa e lá cuido dele até ser doado”, afirma.
Conceição faz parte de um seleto grupo de pessoas responsáveis por Lares Transitórios (LT) – um dos pilares fundamentais para a redução do número de animais abandonados, juntamente com o controle populacionale a posse responsável.
Maria da Conceição Pimentel e um dos seus hospedes do momento
Acreditando no potencial desse conceito, a ARCA Brasil vem adotou-o no seu projeto Adotar é tudo de bom, desenvolvido em parceria com a PEDIGREE®. Pioneiro no Brasil, o trabalho visava justamente incentivar a adoção consciente de cães, coordenando para que cada Veterinário Solidário tivesse um número controlado de animais sob sua responsabilidade. Os LTs cadastrados entraram como os principais locais onde esses bichos ficavam até encontrarem uma nova família.
Conceição chegou a ter 14 cães inscritos no projeto, mas nem todos em sua casa – ela conta com a ajuda de duas amigas que se sensibilizaram com a causa. “Acredito que o ideal é que o Lar Transitório tenha no máximo 10 animais sob sua tutela para que eles possam receber os cuidados adequados e ter sua saúde física e mental preservada.
Há mais de 15 anos desempenhando esse papel, Conceição tornou-se um modelo de cuidado e atenção com a causa dos bichos. Ela conta que o primeiro mês do animal sob seus cuidados é um período de preparação. “Levo no veterinário para castrar, vacinar, vermifugar e fazer o tratamento de saúde que ele precise”, diz. Após esse período, Conceição começa a procurar um novo lar para o cão, colocando anúncios em sites, nas clínicas veterinárias e no jornal do bairro, conversando com amigos e participando de feiras de adoção. “Acho importante conhecer pessoalmente os interessados na adoção para indicar o cão mais adequado ao seu perfil”. Ela lembra ainda que ver as caras fofas e alegres dos bichinhos é muito gratificante, mas destaca que o apego pode atrapalhar o trabalho de doação. “As pessoas não devem esquecer que estão provisoriamente com os animais.”
“O importante é a atitude; querer fazer um bem aos animais abrigando alguns na sua casa por um tempo”, diz Elisabete Avancini, engenheira de redes e dona de um LT. Ela trabalha em período comercial e se dedica aos bichos durante as horas livres, inclusive divulgando o conceito do Lar Transitório. “As casas de minha mãe, irmã e algumas amigas já possuem animais que eu ajudo a doar”, conta. Ela explica que morar em apartamento não é desculpa: “essas pessoas podem abrigar gatos, que são mais independentes e não precisam de tanto espaço, ou cachorros de pequeno porte, que também se adaptam bem a esses ambientes.”
Paula e paloma, irmãs de Elisabete, com Lord e Chispita, seus hóspedes temporários.
Importância
À medida em que os abrigos de entidades se tornam insuficientes – segundo dados da Organização Mundial da Saúde, nas grandes cidades há um cão para cada cinco habitantes e cerca de 10% deles em estado de abandono – o Lar Transitório aparece como a única opção viável para reabilitar e encaminhar esses animais para um novo lar. Lá, os cães perdidos e abandonados poderão esperar sãos e salvos por um dono, enquanto são preparados (com vacina, vermifugo, castração, identificação e registro – RGA) para a doação.
Mas, é importante ressaltar que, como o próprio nome já diz, os LTs não são a solução definitiva para o problema do abandono. Evitar o acúmulo de animais nos lares e ter uma participação ativa nas feiras de adoção, sempre estimulando a doação dos bichos são atitudes que, a longo prazo, farão muita diferença! Lembre-se só o controle populacional aliado a programas eficazes de adoção podem controlar realmente a triste realidade que vivemos.
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Crédito das fotos: Cristiane da Silva e Arquivo pessoal
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