E quando ficam destroem a casa, fazem greve de fome ou latem sem parar. Estes são alguns dos sintomas da “Ansiedade da Separação”. Saiba como você pode ajudar seu animal.
Chica, Penny Lane e Hannah são três cadelas fofas, carinhosas e que sempre foram rodeadas por muito amor. Elas não sabem, e nem se conhecem, mas compartilham o mesmo problema: detestam ficar sozinhas, e o que antes era uma coisa até engraçadinha hoje é motivo de dor de cabeça para seus donos e, o pior, para elas mesmas.
Mas afinal, o que é ansiedade de separação?!
“É um distúrbio de comportamento que atinge animais com dificuldade para lidar com a ausência do dono. Podem apresentar sintomas físicos e comportamentais, como alterações cardiorrespiratórias (taquicardia, ofegância, palpitação, convulsão, desmaio), gastrointestinais (vômitos, diarréia, cólicas) e comportamentais (destrutividade, latidos e uivos, lambedura compulsiva, cavoucar o chão, raspar portas, roer fios e objetos que pertencem ao dono)”, explica a Veterinária Solidária e especialista em comportamento animal, Dra. Rubia Burnier. Os sintomas surgem nos primeiros quinze minutos após a saída do dono.
Penny Lane – 9 meses – SRD
“Quando ela vê o processo do banho, de pentear o cabelo, ela sabe que vou sair. Pula na cama, pega a minha roupa e puxa, como um cabo de força. Uma vez ela abriu o armário e estourou pela casa inteira 5kg de arroz e comeu pelo menos 2kg. Já cavou o sofá e destruiu um móvel novinho”, recorda a jornalista Jenniffer Hoche.
Chica – 2 anos – Daschund
“Toda vez que saímos é um martírio. Se ela nos vê segurando uma bolsa, trocando de roupa, fica agitada. Palavras como “vamos” e “tchau” despertam ela que já fica de vigília em frente à porta! Quando voltamos ela fica muito agitada e corre por todos os cômodos, devora seu osso e nos segue em qualquer canto da casa”, conta a assessora de comunicação, Carla Maria Carreiro.
Hannah – 10 meses – Bulldog Francês
“Ela chora muito na hora que saímos, fica amuada, sem comer, beber ou fazer qualquer coisa. Quando viajei a deixei com familiares, ela ficou doente, emagreceu mais de 2kg, ficou agressiva e late na rua”, relata a assessora de imprensa, Priscila Correia.
As três peludas não nasceram assim, de acordo com a Veterinária Solidária, Dra. Rubia, “excesso de atenção causa dependência, aumenta a ansiedade e dificulta a adaptação. O simples fato de dormir na cama do dono prejudica o animal. Quanto mais dependente do dono, mais difícil lidar com sua ausência. A ansiedade de separação está ligada a fatores genéticos e ambientais, pois os genes são moldados pela criação, assim como a saúde emocional” e completa, “tratados como filhos e infantilizados, se tornam dependentes e ansiosos. A falta de identidade ou a humanização dos bichos gera problemas físicos e comportamentais”.
E não adianta fechar os olhos para a situação, quando constatado o problema, procure a ajuda especializada e comece o tratamento o quanto antes. Para Jenniffer, dona de Penny Lane, a ansiedade da mascote é um problema. “Comecei a sofrer por não estar em casa e não saber o que ela estava destruindo. Me preocupo quando saio do trabalho um pouco mais tarde, já espero uma surpresa”. Hoje Penny está em tratamento.
Prevenção
Se para os donos os transtornos são enormes, para o animal é um pedido de socorro. “Sem o tratamento aumenta gradualmente o desgaste físico e emocional, que compromete a integridade física e o risco de doenças. Na medida em que os sintomas agravam, a qualidade de vida deteriora”, explica Dra. Rubia.
Dicas de prevenção: |
Procure olhar para o animal como ele é, não como gostaria que fosse; |
Descubra suas preferências e aptidões, estimule sua inteligência com brincadeiras e passeios divertidos; |
Estimule autonomia, dificulte as coisas, faça ele aprender a viver sem você; |
Evite dar atenção o tempo todo, mesmo se você passa muitas horas ausentes, mostre a ele que conviver não é ficar grudado; |
Crie uma rotina que atenda as necessidades do bicho, socialize, eduque, seja um bom professor; |
Não exagere nas despedidas e chegadas, mostre que a ausência faz parte da vida e que o mundo não vai acabar se você não estiver por perto; |
Tenha mais de um bicho, é melhor se relacionar com quem fala a mesma língua; |
Trate-o como animal, mesmo não sendo filho, merece ser amado incondicionalmente, pois depende de você; |
Preste atenção aos sinais, não demore pra buscar ajuda. |
Fonte: Dra. Rubia Burnier |
Tratamento
O assunto é sério e precisa do acompanhamento de um veterinário terapeuta comportamental, profissional que lida com questões físicas e emocionais. “A ansiedade de separação é um problema complexo e exige medicamentos, mudanças de manejo, rotina e da relação dono-animal. Além de dieta especial, suplementação com aminoácidos e super dose de paciência são fundamentais”, aconselha Dra. Rubia.
Outro aliado são os famosos Florais de Bach. “Os florais atuam sobre a desarmonia profunda do animal e, assim fazendo, formam a base para a recuperação dos sintomas físicos”, esclarece a terapeuta floral com especialização em animais e humanos, Dra. Martha Follain.
Reveja a sua própria postura com o animal, procure ajuda médica e siga as orientações, o resto é afeto – o que, felizmente, não falta na maioria dos casos.
Mais informações:
Dra. Rubia Burnier: http://www.espacoanimal.com.br
Dra. Martha Follain: http://www.floraisecia.com.br